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Da nascente até à foz: a água é de todos

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 Newsletter de Setembro da ANP/WWF . Sabias que as  espécies de água doce atingiram um declínio de 83% desde 1970 , superior a qualquer outro grupo de espécies? Exploramos a água como se fosse um recurso infinito e o preço a pagar é muito elevado: rios degradados, pouca disponibilidade de água, declínio das espécies e destruição de habitats naturais. Mas a solução está ao nosso alcance!    Restauro dos rios Ao restaurarmos os ecossistemas de água doce - rios, lagos, paúis, riachos, ribeiras - revitalizamos os ambientes aquáticos, a biodiversidade, as funções ecológicas e os serviços ecossistémicos que esses habitats fornecem. Como restaurar os ecossistemas de água doce? Remover fontes de poluição; Remover barreiras artificiais obsoletas para que a água, os nutrientes, os sedimentos, os animais e as plantas possam circular livremente ao longo da massa de água; Recuperar margens e habitats ribeirinhos, para suster a força da água e fornecer abrigo à biodiversidade; Rei...

PARIS MOSTRA O CAMINHO — REVER AS LEIS URBANÍSTICAS À LUZ DO PRINCÍPIO BIOCLIMÁTICO (2/2)

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Paris revê de A a Z o seu principal projeto de urbanismo, o futuro quarteirão de Bercy-Charenton Sob pressão dos ecologistas, Anne Hidalgo [presidente da câmara municipal de Paris] reduz a metade a área de escritórios e de habitação no futuro quarteirão de Bercy-Charenton, e prevê mais espaços verdes. O processo servirá de aferição para os futuros projetos urbanísticos parisienses.  Em Paris, deveria ser «a urbanização do século». Um verdadeiro sonho para os empreiteiros. Seis imensas torres de escritórios, hotéis, habitações, uma piscina, uma escola...  É certo que essa urbanização foi confirmada. Mas numa configuração totalmente diferente daquela que foi votada em 2018 pelos vereadores de Paris. Afinal, haverá o dobro dos espaços verdes previstos, e duas vezes menos escritórios e habitações, anunciou Emmanuel Grégoire, primeiro adjunto da presidente, Anne Hidalgo, na quinta-feira 21 de abril de 2022. O principal projeto urbanístico da capital é revisto do princípio ao fim. O...

PARIS MOSTRA O CAMINHO — REVER AS LEIS URBANÍSTICAS À LUZ DO PRINCÍPIO BIOCLIMÁTICO (1/2)

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Introdução  É claro que Paris não é Portugal, nem é o Porto. São escalas muito diferentes. Mas, guardadas as proporções, a revisão de decisões urbanísticas devido à necessidade de as colocar à altura da urgência climática aplica-se perfeitamente às nossas cidades. É o princípio bioclimático — mais espaços verdes, menos betão — que deve comandar o novo urbanismo de que precisamos. Não basta celebrar pactos sobre o clima centrados na redução de emissões carbónicas, ao mesmo tempo que se continuam a aprovar projetos de construção que passam pelo abate indiscriminado de todas ou quase todas as árvores existentes num dado terreno e/ou pela impermeabilização intensa de solos até agora vegetalizados. Embora poucos entre os que dizem combater a crise climática o reconheçam ou mostrem tê-lo compreendido, tão ou mais importante que a redução de emissões é a absorção de CO2  graças às árvores adultas, desenvolvidas, ou mesmo supostamente «velhas». Abater essas árvores julgando que é poss...

ELOGIO DA ÁRVORE – 6

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 O apego e admiração pelas árvores na Eco-Cartaxo não é de hoje, mas desde sempre. Como prova disso transcreve-se, praticamente na íntegra, um artigo, intitulado “Árvore minha amiga”, publicado no nosso boletim “A MÃE”, de Agosto de 2014. ---- O ecologista inglês Ted Goldsmith, falecido há uma dúzia de anos, no seu livro editado em português pelo Instituto Piaget sob o título “O desafio ecológico” (que aliás vivamente recomendamos) assinala “ Podeis medir a riqueza dum país, a sua verdadeira riqueza, pela dimensão da sua cobertura vegetal. ” A lista dos benefícios insubstituíveis prestados pelas florestas à vida no Planeta, e inerentemente à humanidade, é imensa. Alguém disse que “ as florestas são o pai e a mãe da chuva ”. Apenas esse facto seria suficiente para evitarmos sem descanso o abate das florestas. Mas elas fizeram, e fazem muito mais. Fabricaram os solos de cultivo, mantêm a sua fertilidade e impedem a sua erosão. Oferecem aos seres vivos o melhor habitat possível. Entre...

ELOGIO DA ÁRVORE - 5

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 A resiliência das árvores De todos os seres que habitam a Terra são as árvores, indiscutivelmente, que vivem mais tempo e que atingem maior dimensão. E mais, segundo Francis Hallé, “ são potencialmente imortais…Se colocadas nas melhores condições possíveis,…ao abrigo de todos os ataques, de todos os perigos, de todos os acontecimentos indesejáveis: verificareis que (as árvores) não morrem ”. Quantas das oliveiras, ainda bem vivas, da região mediterrânica não terão assistido ao desfile das hostes romanas? Todos os anos o máximo de longevidade é batido por uma árvore em qualquer local escondido do globo. O recorde, salvo actualização deficiente, vai nos cinco mil anos. As árvores não conhecem a senescência (envelhecimento) porque os seus genes continuam activos ao longo de toda a sua vida. Enquanto a actividade de muitos dos nossos vinte e seis mil genes diminui durante a nossa existência, nas árvores a actividade dos genes decresce entre a Primavera e o Inverno, mas quando os prime...

ELOGIO DA ÁRVORE - 4

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 As árvores comunicam A percepção do senso comum é de que as árvores são algo de hirto, estático, sempre passível dum corte ou abate inconsiderado, insensível, mudo. Mas desenganem-se, as árvores falam, comunicam à sua maneira. Só muito recentemente nos apercebemos disso. É, aliás, um capítulo que muitos cientistas transformaram no seu terreno de pesquisa. * Francis Hallé no seu livrinho “La vie des arbres” (Ed. Bayard) narra a impressionante história das acácias e das gazelas koudou. O caso passa-se na África do Sul e foi estudado por Van Hooven da Universidade de Pretória e é ele que, parece, estar na origem à corrida deste novo campo de descoberta.  As gazelas comem as folhas das acácias, mas parcimoniosamente, não mais de 20 segundos, e passam à acácia seguinte, mas sempre contra o vento.  Que aconteceu? A árvore de maneira fulgurante segrega uma substância tóxica que torna as folhas bastante venenosas e ao mesmo tempo lança na atmosfera uma lufada de etileno que é pr...

Quando é que foi a última vez...

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...que entrou num restaurante - num rodízio ou num buffet, por exemplo - e comeu, comeu, comeu, comeu tanto quanto quis, comeu até não poder mais! … e isso lhe trouxe uma sensação genuinamente agradável? Quando é que foi a última vez que comprar um telemóvel ou par de sapatos novos lhe trouxe satisfação duradoura? Ou gratidão pelo facto de ter dinheiro para gastar onde bem entender? Quando é que foi a última vez que passar uma, duas, cinco horas na internet o(a) fez sentir-se conectado(a) com o mundo e as pessoas à sua volta de um modo real, concreto, tangível? Quanto tempo passou, depois de fazer cada uma destas coisas, até voltar a sentir-se insatisfeito? Até voltar a pensar no próximo gadget, noitada, doce no frigorífico, post de instagram, série da Netflix? E depois no outro a seguir? Quantos dos nossos filhos perderam o interesse nos seus presentes - desejados e implorados durante meses - duas semanas depois do Natal? Até que ponto estes actos de consumo não se assemelham um pouco...

ELOGIO DA ÁRVORE – 3

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 A árvore arquitecto do Planeta Recentemente a revista “Science et Avenir” (Maio 2022) publicou um dossiê intitulado “As árvores guardiãs da Terra”. Na verdade as árvores são mais do que isso. São também construtoras da superfície terrestre, moldando-a, refazendo-a. Foi, aliás, o que aconteceu há cerca de 60 milhões de anos. Há cerca de 140 milhões de anos aparecem as primeiras angiospérmicas (plantas com flores), mas somente após a catástrofe que vitimou os dinossauros e o seu mundo elas encontram o terreno livre para se desenvolverem. Há 66 milhões de anos começa uma imensa revolução: a expansão irresistível das plantas floríferas, até representar 80% das plantas existentes (90% das florestas tropicais actuais, com mais de metade da biodiversidade conhecida). O nosso planeta adquire cor, uma paleta com todos os tons, o verde e o cinzento deixam de ser as cores dominantes. Há 60 a 50 milhões de anos surgem plantas muito próximas das actuais e há cerca de 30 milhões as gramíneas co...

ELOGIO DA ÁRVORE - 2

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 As árvores e o aquecimento global Não será tarefa fácil travar as alterações climáticas em curso, caso haja vontade dos dirigentes políticos e do conjunto das comunidades humanas para o fazer, como é evidente. O que, francamente, não é muito perceptível, actualmente. No entanto, temos algumas armas ainda disponíveis: um decrescimento do consumo, em particular o energético, começando por utilizar massivamente não só as energias renováveis e com menor impacto ecológico, mas uma fonte de energia imensa e sempre desprezada, a “energia desperdiçada” a rodos, em especial nas denominadas sociedades desenvolvidas.  Outro aliado com grandes capacidades é a floresta que teremos de proteger a todo o custo, impedindo a destruição da existente e que já retém uma grande quantidade de carbono (um carvalho de 40 metros reterá de 5.000 a 7.500 Kg de CO2, diz-nos Catherine Lenne da Univ. de Clermont-Ferrand - ”Science et Avenir” de Maio 2022) e reconstituindo muitas mais. As árvores não armaze...

Como transformar o seu jardim num dissipador de carbono - BBC Future

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Tradução deste artigo . Desde manchas de natureza selvagem a plantas em decomposição, transformar o seu jardim num dissipador de carbono não se trata apenas de adicionar muitas árvores. Durante a Segunda Guerra Mundial, o ministério da agricultura do Reino Unido encorajou os jardineiros a "cavar para a vitória" e a cultivar os seus próprios vegetais para ajudar a alimentar o país. Os lotes surgiram em jardins privados e parques públicos - mesmo os relvados ao pé da Torre de Londres foram transformados em manchas de vegetais. Quase 100 anos mais tarde, o slogan "Cave para a Vitória" foi reorientado pela Royal Horticultural Society (RHS) do Reino Unido. A associação de jardinagem visava mobilizar o maior exército de jardinagem desde a Segunda Guerra Mundial para combater a maior ameaça do século XXI: as alterações climáticas. As ferramentas à sua disposição? Plantar árvores, utilizar água da chuva em vez de aspersores, e fazer adubo. Se cada um dos 30 milhões de jardi...

ELOGIO DA ÁRVORE – 1

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 Referindo-se ao sobreiro o (talvez) nosso mais eminente agrónomo, J. Vieira Natividade, escreve, com fundo de amargura, as seguintes palavras: “Nenhuma outra árvore dá mais exigindo tão pouco. Espoliada, talada, saqueada, obstina-se em viver, e não sabemos que mais admirar: se a resistência do sobreiro à ofensiva destruidora, se a cegueira ou a mísera impotência do homem que persiste em não aproveitar a fundo a prodigiosa vitalidade desta árvore, em não tirar todo o partido de tão notável capacidade de adaptação.”  Poderíamos dizer o mesmo de praticamente todas as árvores, até de muitas que os “negreiros” de árvores obrigaram a “emigrar”. Na realidade, esses seres magníficos (propomo-nos demonstrá-lo ao longo destas crónicas) sempre nos forneceram tudo e nada pedem em troca. Abrigam-nos, enquanto material de construção, alimentam-nos, dando-nos os seus frutos, fizeram, assim como as outras plantas, os solos aráveis e férteis de que usufruímos, fazem parte do nosso conforto qu...

BARREIRAS À CONECTIVIDADE FLUVIAL - EFEITOS SOBRE A SUSTENTABILIDADE DA VIDA

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Um estudo do Centro Comum de Pesquisa da Comissão Europeia prevê que cerca de metade do número de praias desapareça até ao final do século (132 000 km), caso as emissões de gases com efeito de estufa mantenham o ritmo actual. Em primeiro lugar serão afectadas as zonas costeiras baixas com uma densidade populacional de mais de 500 hab/km² (31% das praias mundiais). Este tipo de costa recobre 1/3 dos litorais do globo e tem um papel crucial no que diz respeito à protecção da interface terra/mar. Além de serem o melhor meio de protecção contra tempestades, o areal ajuda à dissipação da energia das ondas e as dunas são uma barreira natural entre o mar e o interior das terras, constituem também um ecossistema biodiverso insubstituível. A crescente ocupação dos territórios litorais e das bacias hidrográficas com construções, estão a destabilizar a orla costeira, cuja configuração depende de ciclos bem precisos que determinam uma evolução das praias muito sensível às perturbações que afect...

Alegações sobre as Questões Significativas da Água do 3º ciclo de planeamento hidrológico 2022/2027

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  Objectivo BIODIVERSIDADE - Sem Ecologia não há Biologia.  Por todo o mundo, a fragilização, fragmentação e destruição de ecossistemas biodiversos, põe em causa a Sustentabilidade da Vida no seu Todo.  Sem a salvaguarda de uma ecologia que garanta a continuidade dos ciclos vitais, assente na sustentação da Biodiversidade - diversidade de espécies, diversidade genética e diversidade de ecossistemas - a sobrevivência da espécie humana está posta em causa, pois ela depende de toda essa diversidade. Se comemos, bebemos e respiramos e semeamos, é porque a Biodiversidade que o planeta sustenta o permitem.  Podemos continuar a recusar aceitar isto, porque o planeta vai continuar. Com outras paisagens e outros seres vivos. E até, durante algum tempo, com muitas construções e muitas máquinas, sobretudo de fotografar. Alegações sobre as Questões Significativas da Água do 3º ciclo de planeamento hidrológico 2022/2027  [LINK PARA PDF]