ELOGIO DA ÁRVORE – 6

 O apego e admiração pelas árvores na Eco-Cartaxo não é de hoje, mas desde sempre. Como prova disso transcreve-se, praticamente na íntegra, um artigo, intitulado “Árvore minha amiga”, publicado no nosso boletim “A MÃE”, de Agosto de 2014.

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O ecologista inglês Ted Goldsmith, falecido há uma dúzia de anos, no seu livro editado em português pelo Instituto Piaget sob o título “O desafio ecológico” (que aliás vivamente recomendamos) assinala “Podeis medir a riqueza dum país, a sua verdadeira riqueza, pela dimensão da sua cobertura vegetal.

A lista dos benefícios insubstituíveis prestados pelas florestas à vida no Planeta, e inerentemente à humanidade, é imensa. Alguém disse que “as florestas são o pai e a mãe da chuva”. Apenas esse facto seria suficiente para evitarmos sem descanso o abate das florestas. Mas elas fizeram, e fazem muito mais. Fabricaram os solos de cultivo, mantêm a sua fertilidade e impedem a sua erosão. Oferecem aos seres vivos o melhor habitat possível. Entre 50 a 80% das espécies habitam as florestas tropicais. Regulam o curso dos rios e ribeiras, retendo a água no Inverno e cedendo-a no Verão. Permitem a alimentação continuada dos aquíferos e dos poços. Fornecem parte do oxigénio que respiramos e captam quantidades enormes de gases responsáveis pelo aquecimento da atmosfera. Absorvem parte do calor solar, refrescando a atmosfera. Alguém calculou que o ar condicionado produzido pela Amazónia equivaleria a 159 biliões de folares. Estimação modesta, seguramente. As florestas prodigam-nos alimentos, medicamentos, material de construção, tintas vegetais, etc., etc. A lista completa preencheria várias páginas.




As árvores merecem a nossa eterna gratidão e respeito. No entanto, abatemo-las, trucidamo-las, queimamo-las, sem o mínimo reconhecimento. E, no meio desta incomensurável catástrofe, todos os Outonos assistimos à incompreensível operação de amputação das árvores dos jardins e ruas das nossas povoações. Aquelas que poderiam ser magníficas árvores que embelezariam um pouco o nosso cinzento quotidiano são, sem se perceber porquê, decepadas sem dó nem piedade. Acresce que o carbono já aprisionado nos ramos e troncos decepados acaba infalivelmente na atmosfera, contribuindo assim para o aumento do efeito de estufa. Não se pretende que um ou tronco mais incómodo não seja cortado ou reduzido ou, no limite, que uma árvore cuja vida se esgotou (tantas vezes vítima das tais podas) seja abatida e imediatamente substituída. Infelizmente, por estas bandas, não somos excepção à absurda regra da “poda” invernal. Quando renderemos à árvore a homenagem devida? 


- José Louza

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