ELOGIO DA ÁRVORE – 3
A árvore arquitecto do Planeta
Recentemente a revista “Science et Avenir” (Maio 2022) publicou um dossiê intitulado “As árvores guardiãs da Terra”. Na verdade as árvores são mais do que isso. São também construtoras da superfície terrestre, moldando-a, refazendo-a. Foi, aliás, o que aconteceu há cerca de 60 milhões de anos.
Há cerca de 140 milhões de anos aparecem as primeiras angiospérmicas (plantas com flores), mas somente após a catástrofe que vitimou os dinossauros e o seu mundo elas encontram o terreno livre para se desenvolverem. Há 66 milhões de anos começa uma imensa revolução: a expansão irresistível das plantas floríferas, até representar 80% das plantas existentes (90% das florestas tropicais actuais, com mais de metade da biodiversidade conhecida). O nosso planeta adquire cor, uma paleta com todos os tons, o verde e o cinzento deixam de ser as cores dominantes. Há 60 a 50 milhões de anos surgem plantas muito próximas das actuais e há cerca de 30 milhões as gramíneas conquistam as planícies e as estepes.
As flores com o seu pólen e o seu néctar vão permitir a explosão exponencial dos insectos (795.000 espécies), aracnídeos (110.000), lagartos, aves e mamíferos. Todos dependem em maior ou menor grau das plantas com flores e frutos mais acessíveis. As árvores não só “fabricam” os solos como também moldam os ecossistemas. Algum outro tipo de seres poderá apresentar mais impressionante curriculum?
Foi a grande revolução angiospérmica que moldou o mundo que conhecemos. Que não haja a mínima dúvida.
(dados colhidos no número de Junho da revista “Science et Vie)
- José Louza
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