ELOGIO DA ÁRVORE – 1
Referindo-se ao sobreiro o (talvez) nosso mais eminente agrónomo, J. Vieira Natividade, escreve, com fundo de amargura, as seguintes palavras:
“Nenhuma outra árvore dá mais exigindo tão pouco. Espoliada, talada, saqueada, obstina-se em viver, e não sabemos que mais admirar: se a resistência do sobreiro à ofensiva destruidora, se a cegueira ou a mísera impotência do homem que persiste em não aproveitar a fundo a prodigiosa vitalidade desta árvore, em não tirar todo o partido de tão notável capacidade de adaptação.”
Poderíamos dizer o mesmo de praticamente todas as árvores, até de muitas que os “negreiros” de árvores obrigaram a “emigrar”. Na realidade, esses seres magníficos (propomo-nos demonstrá-lo ao longo destas crónicas) sempre nos forneceram tudo e nada pedem em troca. Abrigam-nos, enquanto material de construção, alimentam-nos, dando-nos os seus frutos, fizeram, assim como as outras plantas, os solos aráveis e férteis de que usufruímos, fazem parte do nosso conforto quotidiano, fornecendo o mobiliário, dão-nos a deliciosa sombra em tempos de canícula, exalam o oxigénio que respiramos, criam beleza, são o refúgio e o habitat de uma infinidade de espécies que connosco partilham o planeta e poderão ser uma tábua de salvação perante a ameaça das alterações do clima.
E que fazemos? Sem o mínimo respeito, sem o menor agradecimento ou compaixão, destruímo-las a fogo e serra. Estúpida e cegamente. É altura de parar o massacre!
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