ELOGIO DA ÁRVORE - 5
A resiliência das árvores
De todos os seres que habitam a Terra são as árvores, indiscutivelmente, que vivem mais tempo e que atingem maior dimensão. E mais, segundo Francis Hallé, “são potencialmente imortais…Se colocadas nas melhores condições possíveis,…ao abrigo de todos os ataques, de todos os perigos, de todos os acontecimentos indesejáveis: verificareis que (as árvores) não morrem”. Quantas das oliveiras, ainda bem vivas, da região mediterrânica não terão assistido ao desfile das hostes romanas? Todos os anos o máximo de longevidade é batido por uma árvore em qualquer local escondido do globo. O recorde, salvo actualização deficiente, vai nos cinco mil anos.
As árvores não conhecem a senescência (envelhecimento) porque os seus genes continuam activos ao longo de toda a sua vida. Enquanto a actividade de muitos dos nossos vinte e seis mil genes diminui durante a nossa existência, nas árvores a actividade dos genes decresce entre a Primavera e o Inverno, mas quando os primeiros rebentos surgem ei-los, de novo, enérgicos.
O ADN das plantas é geralmente mais extenso. O do arroz é composto por cinquenta mil genes. Esta descoberta arruinou a ideia de que o grau de evolução depende do número de genes. No entanto a dúvida persiste. O geneticista Axel Kahn desafia-nos a “a passar o inverno com os pés na água fria e a alimentarmo-nos exclusivamente dum sol pálido e de gás carbónico, não conseguiremos porque não possuímos um número suficiente de genes, o nosso genoma é demasiado pequeno para tais competências.”
Ainda F. Hallé (“La vie des arbres” – Bayard Éditions – 2011): “ A bioquímica das árvores é apaixonante. Pelo facto de estarem fixas são obrigadas a defender-se de muitas coisas graças a uma verdadeira virtuosidade bioquímica.” E é graças a essa eficácia que as árvores (e as outras plantas) nos têm, desde os alvores das sociedades humanas, fornecido inúmeros medicamentos. Citá-los, ainda que resumidamente, seria tema para uma enciclopédia e não para estes curtos apontamentos.
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