Riscos da energia nuclear
A construção de centrais nucleares para a produção eléctrica arranca em força nos anos setenta do século passado. Nunca, durante a sua história, o homem se lançou numa operação tão leviana, perigosa e seivada de mentiras. Este processo só se pode compreender se atentarmos que sem centrais não há bomba atómica e que para certos países os ditames da guerra fria falavam mais alto. Acrescente-se a ganância despertada por negócio tão chorudo e teremos instalada a paranóia nuclear. E os cidadãos? Foram informados e consultados? Muito raramente. Lá onde a questão foi referendada (caso da Itália) a construção de centrais foi impedida. Os cidadãos souberam com clareza o que estava em jogo.
No entanto, em todo o mundo, centenas de centrais surgiram, criando um problema sem solução à vista e que põe em risco extensas áreas e milhares de milhões de pessoas.
Quais os riscos?
- A tão apregoada segurança é um logro: as centrais têm constantemente “pequenos acidentes” com consequências, poluindo o ar, as águas e os solos. É a velha controvérsia se as pequenas doses são nefastas ou não, considerada a sua acumulação. São.
- Ninguém sabe que destino dar aos milhares de contentores cheios de matérias radioactivas constantemente gerados pelo funcionamento normal das centrais, a não ser acumulá-los e deixá-los deteriorar-se nos locais isolados das próprias centrais. Não parece ser solução saudável.
- Em caso de acidente grave estarão as populações protegidas? Recordemos os casos de Chernobyl e Fukujima e percebemos que não há protecção possível. Em caso de acidente em Almaraz existem planos para protecção das pessoas? Se os há, estão bem esquecidos.
- O envelhecimento das centrais em funcionamento é um dos problemas mais inquietantes. A imensa maioria ultrapassou o prazo de vida que havia sido anunciado quando da sua construção, aumentando as probabilidades de acidente grave. Os poderes andam a jogar à “roleta russa” e só olham o imenso lucro gerado.
- Pode-se parar a produção duma central (só a França já tem uma boa dúzia inactiva), mas os grandes problemas são: desmantelar os reactores, em primeiro lugar, e depois que destino dar ao material altamente radioactivo proveniente da primeira operação. Ninguém sabe como se deve fazer. Não se sabe desmantelar com segurança uma central e procura-se como armazenar as muitas toneladas de material com alta, media e baixa radioactividade. Supondo que estes problemas são resolvidos, a gestão desses resíduos recairá sobre os vindouros durante milhares de anos para os elementos de período (o tempo em que um elemento radioactivo estabiliza metade da sua massa) mais longo.
José Louza
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